terça-feira, 22 de março de 2011

A influência da “dor de ouvido” na aquisição da linguagem.


A audição é sem dúvida o sentido mais importante para a aquisição da linguagem. É através do feedback estabelecido entre a fala e a audição que o sujeito adquire suas referências auditivas que irão ajudar na constituição de conceitos básicos para a construção da linguagem e para a aprendizagem.
As alterações auditivas, mesmo que mínimas, como otites, tampão de cera e presenças de corpo estranho no ouvido, muitas vezes, são insidiosas e silenciosas. Visto que as crianças acometidas não possuem um parâmetro que as façam perceber as alterações na qualidade sonora, tornando-as incapazes de relatar suas dificuldades naquele momento. Por isso, os sinais e sintomas das alterações auditivas, muitas vezes, são interpretados pela família e/ou educadores como características da personalidade da criança e não vistos como um alerta de que alguma alteração pode estar presente.
A “dor de ouvido”, chamada de otite, caracteriza-se pela inflamação da orelha média causada por infecções virais ou bacterianas, disfunção tubária, alergias e depressão do estado imunológico. A otite, quando não tratada, evolui para processos patológicos mais graves e complexos. Seus sintomas podem ser específicos, como dor de ouvido, irritação na orelha, coceira, diminuição da capacidade auditiva, distúrbios do equilíbrio, febre, distúrbios do comportamento, sono inquieto, irritabilidade e desconforto. A criança torna-se apática, apresenta sinais de cansaço, falta de atenção e desinteresse nas atividades.
Pelo menos uma vez, 71 a 100% das crianças até os 3 anos de idade são acometidas por uma quadro de otite. Entre elas, cerca de 17 a 30 % sofrem recorrência do quadro. Uma criança é portadora de otite recorrente quando ela apresentar três ou mais episódios de otite média em um período de seis meses, ou mais que quatro episódios em um ano. A perda auditiva decorrente da otite média pode variar de grau leve a moderado e pode ser temporária ou permanente, de acordo com a evolução e o grau de comprometimento do quadro.
Fique alerta com o comportamento de seus alunos e, diante de qualquer suspeita, oriente para a procurarem um médico e uma avaliação auditiva. Além disso, avaliar a audição das crianças regularmente é uma ação preventiva, que pode detecção possíveis alterações e, com isso, evitar futuros danos de linguagem e aprendizagem.

Érica Cimadon
Fonoaudióloga CRFa/RS 9092
Esp. em Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva
Aperf. em Neuroaudiologia (HCPA)
Pós Graduanda em Neuropsicologia (UFRGS)

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